terça-feira, 30 de outubro de 2012

DISSABORES




Perco-Me Entre Palavras
Afogando-Me Em Dizeres Monossilábicos
Engulo Este Mar Salgado De Dissabores

Entre Braçadas Largas
Nado Contra Esta Corrente
Que Segue Em Frente Sem Saber Pra Onde

Sinto-Me Só De Tão Mal Comboiada
Não Sigo A Boiada
Sou Gado Doente Tentado No Rio
Deixado As Piranhas, Mais Nada.

Abro Caminho Para Os Imbecis
Arredo Na Foice, Na Força, Na Fúria.
Sou Arremedo De Gente Não
Sou Indigente Inteligente

Abocanho A Vida De Qualquer Maneira
Desprovido De Graça Peço Clemência
Que De Todo Pecado A Minha Demência
É Viver No Mundo De Ideias E Amores

Que Triste Caminho Este Meu
Sair Da Ignorância,
O Que Deveria Ser Gratidão, É Pesar

Aflijo-Me Demasiado
Angustia-Me Ser Assim
Que De Tanto Amofinar
Penso Que A Estupidez É Benção

A Bestialidade É Infinita
Quero Crer Que A Sabedoria Também
Em Um Momento De Fé Infinda
Aguardo O Fenecer.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Atriz



Preciso tanto, tanto disto,
Agora pai, nada vai me impedir.
Agora vô, não posso desistir.
Veja quantas coisas deixei para trás.
E só agora me sinto completa
Por que não há nada mais que eu possa fazer
Sinto uma paixão que me move
Leva-me a viver toda  alegria
Não devo nega-la e não quero
Sim, são estas coisas da vida que todos têm medo.
Sei que vocês também temiam
Mas a vida mostra quanta infelicidade senti ao abandonar minha paixão,
E como a vida me leva sempre de volta a ela.
Entra ano, sai ano e tudo que sei é que me sinto atraída por esta força.
Ela me resgata de um sofrimento profundo
E mostra novamente o sentido de tudo ao meu redor.
As carreiras normais me deixam entediada
Encadeada a um abismo tão fundo tão grande
Que me sinto com nó na garganta
Como se a qualquer momento a corda no pescoço apertasse
E a cadeira abaixo dos meus pés fosse cair.
E o que me trás de volta a vida?
O que me devolve toda a alegria e satisfação?
Descobri que não há dinheiro no mundo que pague por isso
Amar o que se faz, ter prazer em trabalhar em algo que me supera
Transcende-me, me ilumina, me guia.
E todo o dinheiro no mundo, não pode pagar por uma vida de frustrações.
Meu desejo é tão profundo, tão enraizado.
Que faz parte do que eu sou
Não posso negar quem sou
Devo me aceitar, devo me entregar a esta verdade.
E quem poderá me julgar?
Quem poderá dizer de insanidades?
Aqueles que vivem uma vida sem sentido não terão direito a palavra,
Pois cada sonho abandonado, não é um pedaço seu deixado para trás?
E ao fim da vida, o que restou desta gente que afogou seus sonhos?
Não sei viver assim.
Quando a ceiva da vida retomou minhas veias, sabia que não poderia viver de outro jeito.
O que vier com minha decisão, saberei aguentar as consequências,
Mas não quero aceitar a infelicidade, o fracasso pessoal, a tristeza maciça.
Quero ser engolida por inteiro por minha paixão,
Quero ser uma extensão do que ela é
Quero repercutir, expandir, extrapolar.
Ser quem sou, aceitar esta minha verdade absoluta, arraigar esta necessidade absurda de ser.
Eu me fiz arte.
A Arte me fez assim.
Somos uma coisa só, inseparáveis.
Não existo sem o palco, não existo sem texto, sem figurino, sem luz...
Sem ela sou um monte de carne andando por ai sem uma alma,
Não posso ser um saco de ossos e músculos,
Preciso existir.
E eu sei.
Só permaneço enquanto o Teatro viver em mim.
Somos a mesma coisa
Somos um universo único de possibilidades.
Não sabemos como existir de outra forma.
E não vamos viver de outra forma.
Entregar- me a esta vida, é a única forma que sei de existência,
A única que me permito ser
A única que sei que sou.
Eu sou Teatro, apenas isso e tudo isso sou eu!
Peço que me aceitem, onde estiverem,
Que me abençoem e não temam por mim.
Apenas me aplaudam a cada encenação
E se orgulhem do que sou,
Por que eu me sinto orgulhosa!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Meu Coração













Meu coração para...
Diga-me quando posso voltar a viver?
Quando vou encontrar outra vez essa sensação?
Esta que me deixou repleto.
Meu coração para...
Diga-me quando posso voltar a sentir?
Quando posso ver as cores novamente?
Quando posso sentir os odores?
Quando não vou sentir mais as dores?
Meu coração para...
Para...
Par...
Pa...
p...
...



Agora existe um vazio tão grande
Agora não existe nada
Um buraco
Uma cava
Uma treva
Uma queda
Meu coração...
não existe

Sou o vazio
Dentro de um vaco
Incluso no antro
Do vago
Meu coração...

Para!

Tuntum tuntum tuntum
Meu...
Amor...
Viva...
Tudo...
Sempre...
Agora...
Dor...
Um dia...
Amor...
Meu coração pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa pulsa 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Volupia


Antes de dormir cubro meu corpo de luxuria,
Pois o que me falta não é erotismo.
O que me falta é um corpo quente
E um musculo ereto para me domar.
Antes de tudo sou mulher,
Sou gata no cio.
Sou a necessidade de copular,
Sou animal.
Eu deito ardendo, o fogo me devora.
Não finjo ser cheia de pudor,
Antes da sociedade, antes dos modos civilizados,
Existe a natureza que me leva.
O imoral é o que eu chamo de natural.
Não faço parte da sociedade beata.
Eu quero êxtase,
Quero suor escorrendo dos corpos,
O lençol ondulando na cama
E a boca seca dos gemidos.
Quero o musculo dos membros contraindo,
E os quadris frenéticos se encaixando.
Quero peito de homem e seio de mulher
Quero salivas misturadas
Quero seiva do homem em mim
Quero gozo sem dó.
Sem frescuras quero ser jugulada,
Sussurros no ouvido até que eu não possa mais.
Quero um corpo tatuado no meu.
Sexo puro, para apaziguar uma guerra em mim.
Eu quero... Não tenho!
Meu corpo ainda arde e o fogo ainda me devora,
Antes de dormir cubro meu corpo de luxuria,
Pois o que me falta não é erotismo.
O que me falta...
Eu me viro!

M I S E R Á V E L

Estou pingando feito conta gotas,
Vivendo a mingua.
Comendo jornal para engolir palavras
Saborear degustar solver....
Minha opaca existência passando despercebida
P I N G A N D O  V A G A R O S A M E N T E
Com medo de não durar...

Estou à margem da pauta
Vivendo a bancarrota
Bebendo sabedoria alheia para saciar minha sede
Salivando, ceivando,  absorvendo...
Minha essência sendo sombra da sombra de alguém
F A L E N  C I A   M U L T I P L A
Com medo de me gastar...

Vou respirar de pouquinho,
Não vou amar nada,
Congelando meus sentimentos árduos
Desistindo a cada empreitada,
E X I S T Ê N C I A  F A N T A S M A
Avarenta de vida... Sovina de nada!

CAOS


CAOS  06/07/2012

Cadê você caos, que ia me trazer tantos desatinos?
Aventuras de todas as cores e a liberdade libertina.
Onde foram parar toda a minha astucia todo o meu ímpeto
Cadê aquelas mudanças e aquela vontade transloucada de tirar o mundo do prumo?
Os dias passam pasmando e o cotidiano é o cotidiano
Vagam as horas cheias de um imenso vazio... tic tac tic tac tic tac
Perco-me um pouco mais e depois mais um pouco.
Não me reconheço em mim, já nem sei quem sou.
Tão responsável, tão chata, tão normal...
A normalidade me atormenta deveras, pois apesar de não fazer parte dela.
Ela megera quer fazer parte dos meus minutos, horas e dias... Intrusa!
E cada tempo que passo me vejo mais velha e menos louca...
Alimento-me do que vejo nos outros
As mesmas maravilhosas atitudes inquietantes
Me reconheço ali de alguma forma, me reconheço naquela vontade de expirar
Como se o hoje fosse ontem e já não há tempo a perde.
Dentro de mim a anarquia reina maravilhosamente,
E eu desejo apenas isso a anarquia plena e verdadeira.
Sem restrições absurdas de um mundo falido e hipócrita,
Sem burocracias sórdidas, sem esta normalidade bestial que nos torna tão desumanos.
Quero que todos possam ser
Quero que todos possam sentir
Quero que experimente tudo aquilo que lhes dá medo e vergonha
Para que o medo passe a ser coragem e a vergonha possa ser despudor
O mundo é feito de experimentos, é feito de novidades é feito de energia nova e vibrante.
Devo me adequar cada dia mais?
Não!
E é por isso que não me vejo pertencendo a lugar algum.
Estou sempre só, por que não consigo participar desta inequação.
Apesar de viver nela, não posso vive-la.
Já descobrir outro mundo maravilhoso para poder voltar à vida anterior,
Esta já não me pertence, pois minha mente se abriu para o inesgotável.
Para as possibilidades, para as verdades imensuráveis...
Como posso viver com um pé na realidade burguesa elitista antinatural
E um pé no caos absoluto evolutivo presumível.
Nós não caminhamos o caminho sensitivo natural.
O abominamos e fazemos o caminho contrario.
Sufocamos nossas sensações maravilhosas, e nos envergonhamos delas.
Eu também me vejo sufocada por esta realidade infame.
Pertenço a este mundo e devo por menos que queira participar dele.
Mas dentro de mim, ah, dentro de mim ninguém manda.
E eu sou pura desordem acalentadora.
A mais pura balburdia realizadora de sonhos.
Algazarra despudorada e feliz.
Sou um alarido de emoções em ebulição... Pronta a explodir!
Sou confusão... Ainda bem, sou caos!

terça-feira, 5 de junho de 2012
















Novamente ela me abraça com amor
Desejando meu corpo com sofreguidão
Sinto um imenso prazer e dor
E nojo por ela me tocar assim
Enrolo meu corpo entre os lençóis
Em um ritmo frenético de lassidão
E gozo despudoramente
Depois cubro minha cara de rubor
E riu de mim e choro por mim
Sinto pena do que sou
A noite, a cama, o quarto
Testemunhas da minha pouca vergonha
Agora vergonha, sem vergonha, agora vergonha
Não ruboriza pelo desejo
A vida é isso DESEJO
As lagrimas escorrem pelos meus olhos, largadas
E correm horizontalmente, lavam minhas orelhas
E elas me chegam.
Palavras para me anunciar,
Palavras para me masturbar
E mostrar quanto sozinha eu sou.
Sozinha...

Por favor não me toque,
Não desejo a sua suavidade sobre mim,
Morro a cada instante
E a todo momento
Já não posso viver assim
Mas só vivo deste jeito.
Alguém me julgou
Chamou-me de vítima
Nunca quis representar este papel
Nunca culpei ninguém pelas minhas dores
Apenas vivi desta maneira
Por que esta maneira me persegue
E eu não dou conta desta dor
Por isso devo escravizá-la em palavras
Por que elas me sufocam
A um ponto de desespero
eu sou o extrato puro do desespero
por que me espremeram até a gota
Não clamo por ninguém
Pois já não creio em nada
Estou a muito enlutada
Não é de agora
E este é o único jeito que conheço
De não enlouquecer
Por mais que eu peça, que suplique
Sei que estou dominada e isso me dói mais
Tanto que já não posso falar
Não posso pensar
Ah! Deus já não posso sentir além da dor. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

frustração



Eis que fui vencida pelo ontem, 

e hoje que era tudo diferente,
Será igual ao antes.
Pensei e delirei uma vida,
e ela que retida apossou-se de mim,
sem perguntar aonde eu ia;
Tristeza agora eu sinto,
Amanhã gera pesadelo agora;
Não foi isso que pedi!
Vaguei por ruas diversas;
Esperança de encontrar,
Uma trilha nova.
Gastei a sola.
Me sinto a sola.
Perdi?
Me joguei!
E agora?
Deveria ter um final mais feliz.
Do que sei,
Do que sinto,
Me vejo nas mesmas situações que abominei.
A frustração camarada senta pede mais um copo,
Bebe comigo, ri, chora;
Ela paga as minhas contas,
Ela pões comida na minha mesa,
Ela cuida de meu filho,
E eu a amo por isso.
E eu a odeio muito mais por tudo que me tira!



quarta-feira, 2 de maio de 2012

Beijo



Beijo
Desejo ele com sofreguidão
Anseio, deliro, almejo.

Invejo, impacientemente, espero;
Amo-te, te amo, te amo.
Ardentemente.

Pulsa, pulsa, pulsa
Sinto batidas socando por dentro,
Respiração entrecortada

O bafo quente de seus lábios
Tão próximo...
Ahhh ahh...

O pensamento desconexo,
Perturbação ,
Os sons interrompidos
Ahhh ahhh...

Lábios aberto para te receber
A boca pronta para se enroscar
Língua, saliva, cobiça...

O corpo fala
Germina, ceifa, goza...
Eu espero... Nada, nada, nada.

Beijo,
Desejo ele com pressa,
Aguardo, espero, enlouqueço!

Vidas


Não disse nada;
Partiu.
Deixou tudo um caos;
Não voltou.
Adeus, só Deus;
Descobri... não existe.

Ficou pra trás;
Correu.
Não alcançou;
Chorou.
Descobriu tudo;
Derrota!

Ergueu ;
Suspendeu...parou no tempo.
NÃO!
Queria mais que isso;
Vida ensina;
Lições? Pesadelos!

Aqui, ali, angustia.
Eu sofro, tú sofres...
Quem sofre mais?
Entre os vivos,
Entre os mortos,
A dor é igual?

Falei, gritei, chorei;
Fiquei.
Peguei o caos;
Deixou tudo para mim;
Não fui, oh Deus
Já sei...Não existe!



Eu 18/12/2002


Meu olhar é noturno,
Sempre fui da escuridão;
Trago nos lábios e nas madeixas 
O negro que há em mim;
Se aprofundarem nos meus olhos,
Um poço sem fundo acharão;
Se emaranharem em meus cabelos,
As trilhas da noite vão seguir;
Em todo o meu corpo há vestígios,
Sim, minhas noites não tem luar,
E nas minhas matas
Que percorre todo o meu corpo,
Só existe o breu, o lucífugo véu;
Olhos abertos, olhos fechados,
De nenhum jeito me enxergaram;
Por que eu sou toda noturna,
Eu fui feita da escuridão.

domingo, 29 de abril de 2012


A Cela


Eu estou segura.

Meu psique encontra-se assim trancado a sete chaves.

A porta do cofre foi fechada,

e ninguém sabe o segredo para abri-lo.

Eu estou confortavelmente segura na minha cela.

Atrás destas grossas paredes sem janelas.

Se eu não olhar a vida, se eu não ve-la passar

Será tudo muito simples.

Mantendo meu tapa olhos em seu lugar.

Para não desejar mudar.

Para não desejar.