Preciso tanto, tanto disto,
Agora pai, nada vai me impedir.
Agora vô, não posso desistir.
Veja quantas coisas deixei para trás.
E só agora me sinto completa
Por que não há nada mais que eu possa fazer
Sinto uma paixão que me move
Leva-me a viver toda alegria
Não devo nega-la e não quero
Sim, são estas coisas da vida que todos têm medo.
Sei que vocês também temiam
Mas a vida mostra quanta infelicidade senti ao abandonar
minha paixão,
E como a vida me leva sempre de volta a ela.
Entra ano, sai ano e tudo que sei é que me sinto atraída por
esta força.
Ela me resgata de um sofrimento profundo
E mostra novamente o sentido de tudo ao meu redor.
As carreiras normais me deixam entediada
Encadeada a um abismo tão fundo tão grande
Que me sinto com nó na garganta
Como se a qualquer momento a corda no pescoço apertasse
E a cadeira abaixo dos meus pés fosse cair.
E o que me trás de volta a vida?
O que me devolve toda a alegria e satisfação?
Descobri que não há dinheiro no mundo que pague por isso
Amar o que se faz, ter prazer em trabalhar em algo que me
supera
Transcende-me, me ilumina, me guia.
E todo o dinheiro no mundo, não pode pagar por uma vida de frustrações.
Meu desejo é tão profundo, tão enraizado.
Que faz parte do que eu sou
Não posso negar quem sou
Devo me aceitar, devo me entregar a esta verdade.
E quem poderá me julgar?
Quem poderá dizer de insanidades?
Aqueles que vivem uma vida sem sentido não terão direito a
palavra,
Pois cada sonho abandonado, não é um pedaço seu deixado para
trás?
E ao fim da vida, o que restou desta gente que afogou seus
sonhos?
Não sei viver assim.
Quando a ceiva da vida retomou minhas veias, sabia que não
poderia viver de outro jeito.
O que vier com minha decisão, saberei aguentar as consequências,
Mas não quero aceitar a infelicidade, o fracasso pessoal, a
tristeza maciça.
Quero ser engolida por inteiro por minha paixão,
Quero ser uma extensão do que ela é
Quero repercutir, expandir, extrapolar.
Ser quem sou, aceitar esta minha verdade absoluta, arraigar
esta necessidade absurda de ser.
Eu me fiz arte.
A Arte me fez assim.
Somos uma coisa só, inseparáveis.
Não existo sem o palco, não existo sem texto, sem figurino,
sem luz...
Sem ela sou um monte de carne andando por ai sem uma alma,
Não posso ser um saco de ossos e músculos,
Preciso existir.
E eu sei.
Só permaneço enquanto o Teatro viver em mim.
Somos a mesma coisa
Somos um universo único de possibilidades.
Não sabemos como existir de outra forma.
E não vamos viver de outra forma.
Entregar- me a esta vida, é a única forma que sei de
existência,
A única que me permito ser
A única que sei que sou.
Eu sou Teatro, apenas isso e tudo isso sou eu!
Peço que me aceitem, onde estiverem,
Que me abençoem e não temam por mim.
Apenas me aplaudam a cada encenação
E se orgulhem do que sou,
Por que eu me sinto orgulhosa!