sexta-feira, 12 de setembro de 2014

La nuit Bohême



La nuit Bohême














O seu ar me sufoca;

Não sei se de amores ou dores.

A vastidão desse negrume infindo,

Engole-me e acolhe,

Tão quente e palpável,

Como um objeto

Tangível.

O que sinto?

Prazer...

Tanto na angustia que me causa,

Nos tempos que encobrem sua fortuna,

Que mais negra se torna,

Mais densa,

Mais triste,

Maldita!

Tanto no gozo que me germe;

Nos tempos de sua lua,

Nesse clamor de deleites,

Escorrem suar,

Saliva,

Seiva,

Bendita!

Boemia vadia de todos os artistas;

Toda a salvação está contida em ti.

Os amantes lascivos,

As ideias estapafúrdias,

As tristezas infinitas,

A alegria boba dos amigos,

Tudo está contido.

O inexorável prazer,

A imensidão da dor,

E tudo que os patuscos desejam,

Está contido.

Assumo meu vício!

Eu estou contida em ti.

Meu êxtase, minha libertinagem;

Todo meu pudor.

Sou noite!

Qualquer mistério é noite.

A noite feita de pequenos e infinitos mundos particulares.

A noite feita de todas as luxurias,

Todos os romances.

Noite feita do mais profundo eu,

Noite feita de breu,

Feita de solidão,

Feita de multidão!


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