sexta-feira, 10 de maio de 2013

Nas janelas em que finjo ver o lado de fora.














Eu vejo tudo ao meu redor,
Mas finjo que não vejo,
Olho para o lado dissimulando,
Esperando que ninguém tenha notado que vi.
Nas janelas em que finjo ver o lado de fora,
Não olho nada, apenas disperso.
O mundo já não vale nada,
Meu mundo não vale nada,
Nenhuma olhadela sequer,
Nenhum disparate sequer.
Prefiro o jogo de empurra-empurra,
Prefiro final de novela,
Divirto-me com pão e circo,
Distraio-me com sangue e favela.
É tudo tão distante e fictício,
É tudo tão fora da realidade,
Não me atinge se atinge o próximo,
Contanto que não seja eu.
Política do egocentrismo normativo,
Normal...é assim mesmo não é?
O importante é que meu time ganhou!
O importante é que meu jogador foi escolhido o melhor do ano!
Importante é que a mocinha teve um final feliz,
E o vilão da novela se deu mal,
Ai sim, pelo menos lá, ele se deu mal.
Importante mesmo é o Brasil é uma democracia.
Enquanto isso, eu, sem cerimônias, 
Olho para o outro lado,
Finjo ver o que há do lado de fora da janela.
Por favor, não me incomode com estórias irrelevantes.
O mundo da corrupção não tem mais solução,
Então não me venha com banalidades,
E as mesmices de sempre, por que sabe,
Eu estou ocupada, vendo as notícias das celebridades!