terça-feira, 5 de junho de 2012
















Novamente ela me abraça com amor
Desejando meu corpo com sofreguidão
Sinto um imenso prazer e dor
E nojo por ela me tocar assim
Enrolo meu corpo entre os lençóis
Em um ritmo frenético de lassidão
E gozo despudoramente
Depois cubro minha cara de rubor
E riu de mim e choro por mim
Sinto pena do que sou
A noite, a cama, o quarto
Testemunhas da minha pouca vergonha
Agora vergonha, sem vergonha, agora vergonha
Não ruboriza pelo desejo
A vida é isso DESEJO
As lagrimas escorrem pelos meus olhos, largadas
E correm horizontalmente, lavam minhas orelhas
E elas me chegam.
Palavras para me anunciar,
Palavras para me masturbar
E mostrar quanto sozinha eu sou.
Sozinha...

Por favor não me toque,
Não desejo a sua suavidade sobre mim,
Morro a cada instante
E a todo momento
Já não posso viver assim
Mas só vivo deste jeito.
Alguém me julgou
Chamou-me de vítima
Nunca quis representar este papel
Nunca culpei ninguém pelas minhas dores
Apenas vivi desta maneira
Por que esta maneira me persegue
E eu não dou conta desta dor
Por isso devo escravizá-la em palavras
Por que elas me sufocam
A um ponto de desespero
eu sou o extrato puro do desespero
por que me espremeram até a gota
Não clamo por ninguém
Pois já não creio em nada
Estou a muito enlutada
Não é de agora
E este é o único jeito que conheço
De não enlouquecer
Por mais que eu peça, que suplique
Sei que estou dominada e isso me dói mais
Tanto que já não posso falar
Não posso pensar
Ah! Deus já não posso sentir além da dor.